É possível alcançar boa fertilidade também no verão

É possível alcançar boa fertilidade também no verão

23/03/2020 Uncategorized 0

Alcançar alta taxa de concepção é uma das condições para se chegar a uma produção eficiente de leite nas fazendas. Durante muitos anos, a indústria de laticínios israelense sofreu, como outras fazendas em áreas quentes, um declínio significativo na capacidade de emprenhar as vacas durante os meses de verão, causando sazonalidade na produção de leite durante o ano e, consequentemente, uma sazonalidade da oferta de leite à indústria e ao mercado.

Ao contrário do efeito do calor sobre a produção de vacas, que depende muito do consumo de alimentos pelo animal e é menos sensível a mudanças de curto prazo no conforto térmico das vacas, o efeito sobre a fertilidade no verão é muito mais complexo e disseminado durante um período mais longo na época da inseminação.

Estudos realizados recentemente por pesquisadores israelenses da Universidade Hebraica de Jerusalém mostraram que a fertilidade da vaca é sensível às condições de estresse por um longo período, começando no início do desenvolvimento do folículo ovulatório até a implantação do óvulo fertilizado no útero (um período de cerca de 50 dias). Assim, com a finalidade de obter níveis normais de fertilidade no verão, as vacas inseminadas devem estar com a temperatura corporal normal, o que, pelo menos nesse período, não é uma tarefa fácil!

Uma pesquisa em larga escala com o objetivo de melhorar a fertilidade de vacas no verão foi realizada em Israel em meados dos anos oitenta. A pesquisa testou, pela primeira vez em Israel, o efeito do resfriamento intensivo das vacas através de uma combinação de umidade e ventilação forçada no desempenho de animais de alto rendimento no verão. O experimento foi realizado durante dois verões consecutivos na fazenda experimental de gado leiteiro do Ministério da Agricultura de Israel.

Pela primeira vez em Israel, conseguimos resfriar intensamente as vacas durante todos os dias de verão e durante todo o dia, para evitar completamente o aumento da temperatura corporal das vacas tratadas, em comparação com as vacas não resfriadas, quando a temperatura corporal estava acima do limiar da normalidade, na maior parte do dia, ao longo de todos os dias de verão.

Como resultado dessa situação, pudemos, pela primeira vez, impedir completamente o declínio na taxa de concepção de verão das vacas resfriadas. Os resultados deste estudo estão apresentados na tabela 1.

Tabela 1 – Desempenho reprodutivo de vacas recebendo resfriamento intensivo no verão em comparação com vacas sem resfriamento.

Os resultados do experimento mostram que, ao resfriar intensamente as vacas durante todo o verão, a taxa de concepção é superior a duas vezes àquelas obtidas em vacas sem resfriamento e quase as mesmas taxas de concepção alcançadas nos meses de inverno em fazendas leiteiras comerciais em Israel.

Com base nos dados dos dados do “livro genealógico” de Israel, publicados no final de cada ano, descobrimos que, apesar dos resultados descritos acima, e ao longo dos anos, alguma melhoria na concepção de verão foi detectada. Essa melhora foi substancialmente menor do que os resultados obtidos em nosso estudo, provavelmente devido ao fato de que o resfriamento não poderia ser tão intenso e ao longo de todo o período de verão, como o dado às vacas em condições experimentais.

Com base nos dados dos dados do “herd book” (livro genealógico) de Israel, publicados no final de cada ano, descobrimos que, apesar dos resultados descritos acima, e ao longo dos anos, alguma melhoria na concepção de verão foi detectada. Essa melhora foi substancialmente menor do que os resultados obtidos em nosso estudo, provavelmente devido ao fato de que o resfriamento não poderia ser tão intenso e ao longo de todo o período de verão, como o dado às vacas em condições experimentais.

Nos últimos anos, com o desenvolvimento do índice “razão verão-inverno” e sua publicação pelo “livro genealógico” israelense, pudemos, pela primeira vez, caracterizar subjetivamente as diferentes fazendas leiteiras israelenses, em termos de sua capacidade de lidar com o calor do verão.

A fim de examinar o efeito do resfriamento intensivo das vacas, coletamos dados sobre a razão verão/inverno em 2015, escolhendo as dez fazendas em Israel com a maior taxa de produção de leite (“fazendas bem-sucedidas”) e as comparamos aos dados de dez fazendas leiteiras com a menor proporção (“fazendas que mal-sucedidas”). Além desses dois grupos, também apresentamos a razão média de produção de leite em uma fazenda leiteira em Israel. As características de fertilidade das vacas em fazendas bem-sucedidas e mal-sucedidas em Israel, bem como as médias nacionais, são mostradas na tabela 2.

Tabela 2 – Taxas médias de concepção de verão em vacas de fazendas com alta e baixa razão produção leiteira verão/inverno em 2015.

Do que foi apresentado na tabela 2, se demonstra que há grande diferença no desempenho das vacas na estação de verão, tanto em termos de produção de leite quanto nas taxas de concepção. A taxa de concepção de vacas com o maior índice de produção de leite entre verão e inverno declinou durante os meses de verão em apenas 10,6 unidades percentuais, comparada àquela obtida no inverno, mas diminuiu em 22,7 e 28,7 unidades percentuais, em todas as fazendas israelenses e naquelas com baixa razão de produção de leite verão:inverno, respectivamente.

O conhecimento e a experiência que adquirimos em Israel ao longo dos anos ajudam os produtores de leite em regiões quentes do mundo a lidarem melhor com o estresse térmico.

Recentemente, comecei a consultar algumas fazendas leiteiras de “larga escala” no norte do México com práticas de resfriamento de vacas. Como parte do projeto, quinze fazendas leiteiras, com quase 40.000 vacas, aplicam plenamente os princípios do resfriamento intensivo, como foram implementadas em fazendas leiteiras israelenses “bem-sucedidas”.

A taxa de concepção mensal nas inseminações realizadas no verão de 2015, nas fazendas de resfriamento intensivo das vacas, foi significativamente maior em todas as propriedades leiteiras do projeto, quando comparadas às obtidas em 2011-2014, sem resfriamento. As taxas de concepção de verão e inverno em cinco fazendas leiteiras, resfriando intensamente as vacas no verão de 2015 e nas mesmas fazendas sem qualquer resfriamento em 2011-2014, são mostradas na Figura 1. A razão da taxa de concepção verão:inverno nessas fazendas foi de 0,43 em 2011 e subiu para 0,87 em 2015, ano em que começou o resfriamento intensivo.

Figura 1 – A taxa média de concepção das inseminações realizadas durante os meses de inverno (janeiro-março) e verão (junho-agosto), em cinco fazendas leiteiras no norte do México em 2015, com resfriamento intensivo e em 2011 – 2014 sem refrigeração.

Se compararmos os resultados obtidos no verão de 2015 nas fazendas leiteiras em Israel com aqueles no norte do México, podemos encontrar uma grande semelhança. Ao contrário de anos sem qualquer resfriamento no norte do México, ou alternativamente, fazendas que tentaram resfriar suas vacas, mas não conseguiram fazê-lo em Israel, a taxa de concepção do verão foi de cerca de 15%. Por outro lado, a taxa de concepção de vacas resfriadas intensivamente no verão foi mais que o dobro (34% e 30% em Israel e no México), respectivamente. A “razão da taxa de concepção verão:inverno” foi de 0,72 e 0,40 em fazendas com e sem refrigeração intensiva no México, muito semelhante à razão correspondente de 0,76 e 0,30 em Israel.

Para resumir os dados apresentados neste artigo, concentro em uma tabela os achados dos três estudos apresentados acima e apresentados na tabela 3.

Tabela 3 – Taxas de concepção obtidas no inverno e no verão em fazendas com diferentes intensidades de resfriamento, comparadas a fazendas sem nenhum resfriamento.


* – Média da taxa de concepção nacional nos mesmos anos

Com base nas informações apresentadas na tabela 3, podemos entender melhor o seguinte:

  • As taxas gerais de concepção durante os meses de inverno foram reduzidas de níveis em torno de 50-60% na década de oitenta para valores que variam entre 35 e 45% hoje (provavelmente como resultado do aumento no nível de produção de leite das vacas?).
  • Não encontramos diferença na taxa de concepção em inseminações realizadas no verão, verão entre vacas de fazendas sem nenhum resfriamento e aquelas que tentam mas não conseguem resfriar adequadamente as vacas.
  • A taxa de concepção de vacas sem resfriamento no verão foi de 20% no estudo realizado na década de oitenta, em comparação com níveis em torno de 15%, em inseminações realizadas nestes dias, provavelmente também, devido à maior produção de leite atualmente (aproximadamente 3000 kg/ano a mais).
  • Resfriamento muito intenso (sob condições experimentais), garantindo que as vacas estejam em condições de conforto térmico durante todo o dia ao longo de todo o verão, permitiram alcançar taxas de concepção de verão semelhantes às alcançadas no inverno.
  • O resfriamento intensivo das vacas em fazendas comerciais, duplica a taxa de concepção do verão, em comparação com as vacas não resfriadas, embora não atinjam os níveis de inverno.

Em conclusão, podemos conseguir boa fertilidade das vacas no verão, com taxas de concepção no verão próximas àquelas obtidas no inverno. Isto pode ser conseguido através do resfriamento intensivo das vacas em fazendas leiteiras comerciais, onde o objetivo de que as vacas estejam em status de conforto térmico durante todo o dia e todo o verão é alcançado

Fonte: https://www.milkpoint.com.br/colunas/cowcooling/e-possivel-alcancar-boa-fertilidade-tambem-no-verao-213921/

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